Ser resiliente é mais do que “aguentar firme”. É conseguir cair, levantar-nos, aprender e seguir com ainda mais clareza sobre quem somos e o que valorizamos. Num mundo cheio de desafios — da ansiedade às crises globais, da desinformação à instabilidade política — a resiliência tornou-se uma das competências mais importantes que podemos desenvolver. Neste artigo, vamos descobrir o que nos torna mais resilientes, o que a ciência diz sobre isso e como a própria democracia tem mostrado que também ela sabe resistir e reinventar-se.
O que nos torna pessoas resilientes
A resiliência nasce de dentro, mas cresce com o que temos à nossa volta. Estudos mostram que autoestima, otimismo e capacidade de lidar com as emoções ajudam muito a enfrentar momentos difíceis.
Por exemplo, investigações mostraram que estudantes com boa saúde emocional e física mostravam níveis mais altos de resiliência. Outro estudo ligou a resiliência à confiança em si próprio e à capacidade de pensar com calma em situações de stress.
Mas ninguém é uma ilha — as pessoas mais resilientes costumam ter boas redes de apoio: amigos, família, professores ou mentores que as ajudam a manter o equilíbrio e a perspetiva quando a vida aperta.
Aprender com as dificuldades
Curiosamente, passar por momentos complicados pode ajudar a fortalecer a resiliência — se tivermos apoio e espaço para refletir sobre o que aconteceu.
Durante a pandemia, por exemplo, investigadores observaram que quem manteve rotinas, pediu ajuda e tentou dar sentido à experiência conseguiu lidar melhor com o isolamento e o medo. Um estudo sobre “crescimento pós-traumático” concluiu que refletir de forma consciente sobre as dificuldades pode transformar emoções negativas em aprendizagem e maturidade.
Isto mostra que a resiliência não é ausência de dor, mas a capacidade de transformar a dor em algo novo.
Quando a democracia também é resiliente
A resiliência não é só uma qualidade individual — também existe nas sociedades.
Segundo o artigo “Democracy’s Surprising Resilience”, dos investigadores Steven Levitsky e Lucan A. Way, muitas democracias que nasceram nas décadas de 1970 a 2000 conseguiram resistir a crises económicas, à corrupção e até a tentações autoritárias.
Como? Através de cidadãos ativos, instituições sólidas e uma cultura de diálogo e responsabilidade. Vimos isso em vários países durante a pandemia: democracias que apostaram em transparência, ciência e participação conseguiram manter a confiança do público mesmo em tempos de incerteza. A resiliência democrática nasce, tal como a pessoal, da capacidade de se adaptar sem perder os valores essenciais — liberdade, igualdade e justiça.
Cultivar resiliência dentro e fora de nós
A boa notícia é que a resiliência pode ser aprendida e fortalecida.
Podemos fazê-lo quando:
- Cuidamos de nós — dormimos bem, falamos sobre o que sentimos e acreditamos nas nossas capacidades.
- Construímos redes de apoio — amigos, família, professores ou comunidades onde nos sentimos ouvidos e respeitados.
- Refletimos sobre as dificuldades — em vez de fugir delas, tentamos perceber o que podemos aprender.
- Participamos na comunidade e na democracia — porque a resiliência coletiva depende da nossa vontade de cuidar do bem comum.
No fundo, ser resiliente é saber recomeçar — e lembrar-nos de que a força não está em nunca cair, mas em conseguir levantar-nos, juntos, de cada vez que o mundo nos põe à prova.