A privacidade é um direito fundamental, como a liberdade e a autodeterminação. É através dela que construímos os nossos lugares seguros, temos tempo e espaço para lidar com as nossas emoções e opiniões e desenvolvemos a nossa esfera pessoal.
Imagina que o teu diário podia ser lido livremente pelos teus pais ou professores, sem o teu consentimento, e que podias receber castigos pelo que estava lá escrito. O que sentirias? Provavelmente desconforto pela invasão de privacidade e injustiça. Agora, imagina que isto já foi e continua a ser real em alguns países onde imperam a ditadura e regimes autoritários, todos os dias.
É através de sociedades democráticas que podemos criar e preservar o nosso direito à privacidade, tão essencial para desenvolvermos o pensamento crítico e a criatividade.
A vigilância como arma de opressão
Na História, encontramos vários exemplos de regimes ditatoriais e totalitários que utilizavam a vigilância como forma de controle sobre as populações. Por exemplo, em Portugal, antes do 25 de abril, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) e os seus informadores monitorizavam o que se dizia em cafés e espaços públicos, e até conversas telefónicas privadas, prendendo e torturando todos aqueles com posições críticas ao regime – os “presos políticos”. Na altura, houve uma onda de emigração de Portugal para diversos países em busca de exílio político, proteção e liberdade. Hoje, vivemos em democracia e isso significa que temos direito à nossa liberdade de pensamento, expressão e conversas privadas, sem que isso ponha em causa a nossa integridade.
As dimensões da privacidade
Quando falamos em direito à privacidade, é necessário relembrar que este engloba uma série de outros direitos que, em conjunto, protegem este valor. Estes incluem o direito à intimidade, à imagem e à privacidade domiciliar e das comunicações. Logo, a privacidade como um direito fundamental envolve as dimensões do corpo físico, da mente, da vida familiar e dos dados pessoais e profissionais, entre outras.
A privacidade e a exposição mediática
Com o crescimento do “culto à celebridade”, muitas pessoas debaixo dos holofotes da fama têm a sua privacidade constantemente violada e desrespeitada, quer seja nos seus momentos de lazer, em trabalho ou até na própria vida doméstica e familiar. Paparazzi, hackers e stalkers afetam o bem-estar e até mesmo a segurança física e mental destas pessoas. Mas o mesmo acontece com pessoas comuns que têm um grande número de seguidores nas redes sociais e expõem partes do seu dia e vida online. Pessoas como tu, com vidas fora do ecrã, que de repente têm imensa atenção virada para elas e a sua privacidade posta em causa. É importante perceber que este é um direito e valor que deve ser universalmente respeitado, reconhecendo essa necessidade até em quem mais vemos exposto, não levando nem exigindo a sua exposição como garantida.
Como proteger a privacidade online
Hoje em dia, com o crescimento das redes sociais, as partilhas de dados e a publicidade digital, parece cada vez mais difícil protegermos a nossa privacidade nos espaços online. No entanto, existem algumas dicas que podes aplicar para salvaguardares os teus dados e navegar em segurança.
- Protege as tuas informações pessoais e tem cuidado com o que postas nas redes sociais.
- Não adiciones qualquer pessoa. Opta por ter pessoas conhecidas nas tuas redes sociais.
- Opta pela navegação anónima – existem ferramentas nos navegadores que te proporcionam a opção de navegar anonimamente.
- Se fizeres compras online, tem atenção! Pesquisa sobre o site onde vais comprar antes de fornecer qualquer tipo de dado.
- Cuidado com senhas óbvias – mistura números, caracteres e letras e evita dados pessoais com nomes e datas de aniversário. E não partilhes senhas com ninguém.
- Não cliques em links, estes podem ser tentativas de phishing, ou recolha de dados.
- Usa antivírus e mantém o softwares atualizados